quinta-feira, 19 de setembro de 2013

História do bacamarte

História do bacamarte



Há uma arma de fogo
Usada por tradição
Chamada de bacamarte


Por nossa população
Usada pelos festejos
Na época de São João

Vem do século XIX
Na guerra ela foi usada
Do Brasil e Paraguai
Até hoje é preservada
Em homenagem a Vitória
Pelo Brasil alcançada

O exército Brasileiro
Na época que houve guerra
Usava aquelas armas
Combatendo pela terra
Contra o Solano Lopes
Seis anos durou não erra

Pelo mar no Riachuelo
Barco ou navio a vapor
O Almirante Barroso
Comandou com destemor
Deu para nossa marinha
A glória de vencedor

Por isso o nosso povo
Lembra com satisfação
A vitória do Brasil
Fez esta dedicação
Festejam com bacamarte
Com honra e tradição

Tem outros nomes chamados
Reiuna ou granadeira
Também reúna ou reiuna
Refe ou riuno o que queira
Mas tem uma diferença
Cada modelo certeira


Os modelos desta arma
Que chamam de bacamarte
Tem o refe e o riuno
E a ruina na arte
De festejar dando tiros
Do nosso agreste faz parte

Todos tem o cano largo
Cano grosso diz o povo
Com o vão de polegada
Pólvora seca não é novo
Também o espoletão
Grandes tiros não comovo

O refe tem cano curto
Não era muito usado
O riuno cano médio
Coronha curta acertado
A riuna cano longo
Coronha longa adequado

Com o passar de dois séculos
Da guerra tudo mudou
Mas o velho bacamarte
O povo o preservou
Em homenagem ao Brasil
Que ao Paraguai derrotou

Os modelos mais antigos
Já foram modificados
Antes eram ferro preto
Hoje já são niquelados
Dando melhor aparência
Mais atenção mais cuidados

Usa a pólvora caseira
Para dar a explosão
Carvão, enxofre e salitre
Pilados em um pilão
Umedecida em álcool
Pra não haver combustão




Também havia um costume
Era o roubo da fogueira
Na hora de acender
O vizinho na sorrateira
Antes do dono da casa
Disparava a granadeira

Cada morador de sítio
Não podia descuidar
No acender da fogueira
Seu riuno disparar
Pra não deixar o vizinho
Vir primeiro detonar

Havia um morador
No cavalo ia montado
Junto a fogueira do outro
Vendo o cavalo chegado
Ele suspendia o tiro
Assim era enganado

Pra não assustar o bicho
Ao riuno suspendia
Mas o dono do cavalo
Tranquilo na montaria
Disparava o seu na hora
Eu roubei, rindo dizia

O cavalo acostumado
Com tiros e não ligava
O roubador de fogueiras
Disso se aproveitava
Ia para outras casas
O trote continuava

A nossa vida de antes
Tinha amizade e respeito
Gente simples analfabeta
Vivendo lá do seu jeito
Nossa “Nordestinidade”
Hoje falta em muito  peito




Esta brincadeira de hoje
Tem haver com a religião
Esta agregada a fé
E também a tradição
Uma ligação Ibérica
Tem esta manifestação

Hoje os bacamarteiros
Tem as associações
Atuam como folguedos
Imitando batalhões
Em Cabo e Caruaru
E em outras regiões

Todos vestidos de azul
Chapéu virado na testa
Com  o lenço no pescoço
Cartucheira ainda resta
Alparcata e bacamarte
No desfile lá na festa

O comandante usa estrelas
Nos ombros e no chapéu
Uma bengala na mão
Pra comandar não a léu
Depois dele é o sargento
Hierarquia a dedéu

Aqui no Cabo Ivan
Marinho veio restaurar
O grupo de bacamarte
Voltando a atuar
Dando assim mais suporte
Para a turma agregar

Pesquisando mais a arte
Difundindo seu valor
E assim legalizando
O grupo com mais fervor
Pois só faz arte bem feita
Quem por ela tem amor




Esta arte e história
Temos muito a falar
Porém só em um cordel
Não dar para explicar
Mas na próxima edição
Iremos complementar

Todos prontos pra virada
O comando vai gritar
Fogo! E todos disparam
Se sente o chão abalar
O estrondo emociona
Agora pode encerrar.

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