Família nordestina
Quem mora lá no sertão
É uma grande riqueza
Um povo maravilhoso
Dono de uma grandeza
Quem nasce neste lugar
Vive com a natureza
O relâmpago e o trovão
No serrado nordestino
A alegria é grande
Ser vaqueiro é o destino
Todos vão cuidar da terra
Homem mulher e menino
Quando chove no sertão
Açudes começam encher
Alegra o homem do campo
Melhorando o seu viver
A lavoura se renova
Se tem direito a comer
Começa a plantação
Ninguém fica a reclamar
Todo dia no roçado
Sua semente vai plantar
A tarde estão de volta
Se reúne para jantar
Uma mesa muito grande
Bem no meio da cozinha
A comida já bem quente
Fava, feijão e sardinha
Sábado o cartaz muda
Farofa arroz e galinha
Os meninos na colheita
Gostam muito de ajudar
As mulheres compram móveis
Para a casa enfeitar
Roupas novas e brinquedos
As crianças vão brincar
Tudo isso acontece
Com o povo do sertão
Passam por dificuldades
Mas não deixa seu torrão
Se tem água e lavoura
Tem comida de montão
Toda noite no alpendre
A família a conversar
Compadre e a comadre
E as crianças a brincar
Na mais plena alegria
Sempre a luz do luar
No sertão a gente encontra
Povo de bom coração
Um clima muito gostoso
O verde na plantação
Leite fresquinho do gado
Coalhada tem de montão
Pois eu Sou apaixonado
Pelas coisas do sertão
Água fresca do açude
Café feito no pilão
A safra é garantida
Se chove na região
O vaqueiro logo cedo
Sela o cavalo e vai
Pra sua lida diária
Do pensamento não sai
Aquele aboio lindo
Enquanto na luta cai
O tsiu salta no galho
Patativa a cantar
Acauã na capoeira
O guiné fica a gritar
Dizendo que esta fraco
Pra quem quiser escutar
Logo cedo se levanta
O homem com muita fé
Segue logo pro curral
A mulher faz o café
As crianças se levantam
Logo cedo estão de pé
Vai direto ao curral
Para as vacas ordenhar
Tira o leite fresquinho
E bota para qualhar
Para comer com cucuz
E o queijo fabricar
Corta palma põe no coxo
Prepara a alimentação
Capim luca, forrageira
Do milho corta o cambão
E tritura no motor
Faz pro gado a ração
Joga o milho no chão
E abre o galinheiro
As galinhas logo correm
Fica cheio o terreiro
O guiné grita tô fraco
Corre pra chegar primeiro
Chega o peru de roda
Se arma todo o pavão
Para cortejar a fêmea
Que comendo ali estão
È processo natural
Em sua reprodução
O jumento amarrado
No pasto a relinchar
Esperando o momento
De seu dono lhe buscar
Dar água para beber
E no curral lhe soltar
O vaqueiro leva o gado
Logo cedo pra pastar
Montado em seu cavalo
Seguindo a aboiar
Admirando a paisagem
Bonita de seu lugar
Depois volta para casa
Pega água no barreiro
Coa e bota no pote
Faz o trabalho ligeiro
Bota lenha no fogão
E faz o fogo primeiro
Pega a enxada e o chapéu
E segue para o roçado
Quando chega o inverno
O povo fica animado
Tem lavoura e fartura
É um ano abençoado
Tem fava, feijão de corda
E milho bem a vontade
Feijão preto e batata
Ihame em quantidade
Quiabo e vitamina
Que produzem de verdade
Tem o jerimum caboclo
Com sua bela ramagem
Suas flores amarelas
Mostra uma bela imagem
E o pangola bem verdinho
Dar mais vida a pastagem
O lambu voa ligeiro
Ninguém acha o seu ninho
De longe a gente escuta
O pio do filhotinho
Esperando sua mãe
Fica no mato quietinho
A noite toda família
No alpendre a conversar
Declamar um bom cordel
Para a turma escutar
Mantendo a tradição
Da cultura popular
Também no fim de semana
Se tem uma cantoria
Chamado pé de parede
Tem viola e poesia
As famílias se reúnem
Com bastante alegria
Quando eu chego no sertão
Eu não quero nem voltar
Sempre fico com saudades
Do povo deste lugar
Pois eu na cidade grande
Nunca vou me acostumar
Uma sela bem macia
Um depósito de feijão
Uma casa com alpendre
No quintal a criação
Fazem parte da paisagem
Das coisas de meu sertão
Hoje moro na cidade
Por não ter outra opção
Vim aqui pra trabalhar
Buscar outra condição
Mais não troco tudo isso
Pelo meu belo sertão
Aqui eu vou terminando
Estes simples versos meus
Com uma grande saudade
Do calor dos braços teus
Orobó eu vou voltar
Pra isto eu peço a Deus.
Autor: Esperantivo
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