CARTILHA DO
CORDEL
Se você quer
aprender
A fazer um bom
cordel
Pegue lápis ou
caneta
E anote no papel
É bem fácil, meu
amigo
E gostoso feito
mel
Escreva
primeiro, aí
Para não ficar
perdido
Que o verso é
cada linha
Do cordel que é
construído
Cada grupo de
versinhos
Por estrofe é
conhecido
Agora, vamos
dizer
Como as sílabas
contamos
É um pouco
diferente
Daquilo que
estudamos
Contagem
gramatical
Nem sempre
consideramos
O cordel é
exigente
E prima pela
estética
Acima foi
mencionada
A tal sílaba
poética
Pro estilo é
requerida
Está em sua
genética
Na palavra que
encerra
A linha
considerada
Apenas até a
sílaba
Que nela é
tonificada
Deve ser levada
em conta
Pra ficar
metrificada
Se, portanto, é
oxítona
Essa palavra
final
Até a última
sílaba
A contagem vai,
normal
Se ela é
paroxítona
Na penúltima é
legal
Para a
proparoxítona
Antepenúltima
conte
Estude essas
regrinhas
Amplie seu
horizonte
O cordel é bom
demais
Da cultura
grande fonte
Despreze o que
sobrar
Depois da sílaba
forte
Da última
palavrinha
Faça sem pudor o
corte
Assim vai
metrificar
Como se pratica
esporte
Ainda sobre a
contagem
Falar disso é
necessário
Um recurso
permitido
Nesse estilo
literário
É juntar duas
palavras
Se ligue no
comentário
Se a palavra
anterior
Por vogal for
terminada
Sendo essa vogal
átona
E a seguinte
iniciada
Igualmente por
vogal
Poderá haver
juntada
Atente para o
exemplo
Acabei de dar
agora
Juntei o
"para" mais "o"
A linha ficou
sonora
Muito bem
metrificada
Sem esforço se
decora
Existe outro
artifício
Pra metrificar
melhor
É transformar os
hiatos
Numa construção
menor
Eles se tornam
ditongos
O POETA sabe de
cor
Veja acima um
hiato
Em ditongo
convertido
Poderia o
inverso
Também ter
acontecido
Alongar algum
ditongo
Deste JEITO
comprido
Outro item
importante
Para não fugir
do tom
A rima, sempre
perfeita
Para o texto
ficar bom
Isso é regra
absoluta
Deve ser igual o
som
Muitas vezes, a
grafia
Diferente se
avaliza
Eu vou dar
exemplo aqui
Duvida? Faça a
pesquisa
Veja o
"Zé" e veja o "esse"
Mas a rima é
precisa
Não esqueça que seu
texto
Merece ser
aplaudido
Se tiver uma sequência
No geral, fizer
sentido
Isso é regra de
ouro
E deve ser
aprendido
Com começo, meio
e fim
O cordel tem
coesão
Pro poeta
receber
Muita
congratulação
Mencionada está,
portanto
A famosa
"oração"
Já tratamos da
contagem
Da oração e da
rima
Falemos, pois,
dos tamanhos
Não vá me sair
do clima
Prepare a
inspiração
Pra fazer a
obra-prima
O verso de sete
sílabas
Que aqui tá
expressado
É redondilha
"maior"
No cordel é
muito usado
Redondilha,
cinco sílabas
A
"menor", pouco aplicado
Os versos que
têm dez sílabas
Muito usados no
Martelo
São chamados
decassílabos
Esse estilo é
tão singelo
Os de onze,
hendecassílabos
Do Galope, nobre
e belo
As estrofes são
assim:
A quadra e a
quintilha
Tem quatro e
cinco versos
Seis terá nossa
sextilha
Usada na criação
Desta tão
simples cartilha
Sete versos é
septilha
Oito versos é
oitava
Dez versos
contêm a décima
Veja se a cuca
não trava
Estudando
direitinho
Com letras você
se lava
Aqui vai mais
uma dica
Sobre o posicionamento
Das rimas pela
estrofe
Ponha no
apontamento
Isso tem muita
valia
Quanto ao
embelezamento
Vou falar dos
setissílabos
A partir desse
instante
Quatro versos,
cinco e seis
Sete e oito
doravante
Vou falar também
de dez
Amigo meu,
estudante
Sobre a quadra
eu comento
Mas não é mais
costumeira
Hoje caiu em
desuso
Libera a linha
primeira
A rima faz na
segunda
E também na
derradeira
Há também quem
faça rima
Da segunda com a
quarta
Da primeira c'a
terceira
E da regra não
se aparta
A quintilha, de
igual modo
Desses esquemas
se farta
Na sextilha
preciosa
Linhas pares
normalmente
São rimadas
entre si
Ficam brancos,
simplesmente
Os versos um,
três e cinco
Sem nenhum
equivalente
Porém, são
comuns sextilhas
Com versos pares
rimando
Nem um
"órfão" na estrofe
Elas acabam
deixando
Porque ímpares
combinam
O mesmo som
ecoando
Na Septilha ou
sete linhas
O esquema usual
É rimar segundo
e quarto
Com o seu verso
final
Rima o quinto
com sexto
Vai ficar
sensacional
Septilha pode
sofrer
A pequena
alteração
Rima primeiro e
terceiro
Mantendo-se a
posição
Dos demais, como
falado
Pra não ter
complicação
Na oitava, faça
assim:
Rime os três
iniciais
Rime o quarto
com oitavo
Quinto e sexto,
ademais
Rime com o verso
sete
Não vai ser nada
demais
Outro jeito é
combinar
Os três
primeiros, colega
Ao quarto,
quinto e oitavo
Outra rima não
se nega
No sexto verso e
no sétimo
Nova rima se
emprega
A mais difundida
décima
Possui o
seguinte esquema
Rima um com
quatro e cinco
Dois com três no
seu poema
Rima seis com
sete e dez
Oito e nove, sem
problema
Se quiser, pode
fazer
Rima um com
três, enfim
Dois com quatro
também rima
Seis com cinco,
faça assim
Dez com sete,
não confunda
Oito e nove,
pronto, fim.
AUTORIA BEL
SALVIANO
E JERSON BRITO
ESPERANTIVO
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