quinta-feira, 20 de março de 2014

CHICO CIÊNCIA




CHICO CIÊNCIA

A voz dos Manguezais

 

No dia 13 de março
Do ano 66
Nascia o menino Francisco
Dotado por sua vez
De talentos musicais
Que Deus lhe deu quando o fez.
 
Cresceu nas ruas de Olinda
Ao lado dos manguezais
Onde nos quais se inspirou
Em seus temas musicais
Com letras belas e críticas
Que não se esquece jamais.
 
Desde os tempos de infância
Naquela localidade
O jovem Francisco França
A bem da pura verdade
Trazia como herança
Muita musicalidade.
 
Defensor da Ecologia
Amante da natureza
Retratou em suas músicas
Imagens dessa riqueza
Mostrando para seu povo
As cores dessa beleza.
 
Retratou nossa cultura
De forma bem exemplar
Do Mestre Salustiano
Ao som que rola no bar
Do velho amigo Roger
Que não deixou lhe faltar.
 
A Rizhoflora até hoje
Chora de tanta tristeza
A perda de seu defensor
Francisco da natureza
Que defendia os aratus
Com coragem e sutileza.
 
Filho de dona Francisca
E de Francisco Luiz
Junto aos seus três irmãos
Formavam um grupo feliz
Jamesson, Gorete e Jeferson
Como a história hoje diz.


 
Foi trabalhar na Emprel
Bem antes de ser cantor
Na função de arquivista
Exercida com amor
Mas acalentava o sonho
De ser um compositor.
 
Nos seus 24 anos
Teve uma grande paixão
A jovem Ana Luiza
Que lhe trouxe inspiração
 E desse romance nasceu
Louise Tainá Brandão.
 
Até mesmo o caranguejo
Por ele foi bem lembrado
Pois o grande Chico Science
Tinha coreografado
Belas imagens do mangue
E do ucides repicado.
 
Eu observo de longe
Nossa natureza em guerra
Tentando escapar em vão
Da força da moto serra
Enquanto Chico cantava



Ao som do maracatu
Falava do manguezal
 De sua riqueza infinda
N um grito de auto-astral
Mostrando pra sociedade
 Seu grande potencial.
 
Junto à Nação Zumbí
Chico Science quis mostrar
O som do seu Mangue Beat
Pra juventude escutar
Pois um passo à frente
Muitos podiam chegar.
 
Com estilo muito próprio
Chico já contagiava
Novas e velhas gerações
Nos lugares que passava
Causando muito furor
Quando se apresentava.
 
Levou a outros países
A riqueza da cultura
Pernambucana e o som
De uma percussão tão pura
Como antes ninguém viu
Em acorde e partitura.
            

      
Um caranguejo atômico
Em busca da liberdade
Recitava seus poemas
Em qualquer localidade
E deixava admirada
Toda intelectualidade.
 
Grande poeta e cantor
Era humilde e talentoso
Foi um guerreiro da arte
Tinha um dom majestoso
Chico sempre se mostrou
Decidido e corajoso.
 
Chico cantou ao lado
De artistas consagrados
Como Gilberto Gil
E Lobatinho dos Teclados
Erasmo e Roberto Carlos
Foram homenageados.
 
Hoje o Movimento Mangue
Lembra com grande emoção
Do inesquecível Chico
Que alegrava multidão
Vamos guardá-lo pra sempre
No fundo do coração.


Hoje a Nação Zumbí
Segue sem seu criador
Mas Chico será lembrado
Por ter feito com amor
Uma leitura sutil
Do homem e da sua dor.
 
Sua arte ainda é vista
Na força do manguezal
Que foi defendido por ele
E o seu memorial
Mostra o pleno valor
Da cultura regional.
 
Dentro de um Uno branco
Onde tudo aconteceu
Uma grande colisão
E Chico Science morreu
Para seus fãs ele foi
Um sonho que se perdeu.
 
Os seus pais inconsoláveis
Lamentam a vida inteira
A perda de Chico Science
No início de carreira
Pois não há quem se conforme
Com a morte traiçoeira.


Naquela hora calou-se
Um grande compositor
Em frente ao Espaço Ciência
O sonho desmoronou
Pois morreu um grande artista
Que o povo consagrou.
 
Como já falava Chico
Num ditado popular
Um passo a frente e já
Não estamos no mesmo lugar
Pois vem sempre alguém atrás
Pro mesmo espaço ocupar.
 
Assim era Chico Science
Cheio de filosofia
Defensor da natureza
Para vê-la em harmonia
Deixando para a história
Uma bela biografia.
 
Restou à sua família
Seu acervo cultural
A trajetória vivida
De um ser fenomenal
Que amava Louise Tainá
E sua terra natal.


Escrevo neste cordel
De forma muito modesta
A luta de Chico Science
Humana, rica e imodesta
Salvemos em nome dele
O pouco que ainda resta.
 
Por isso peço a meu Deus
Que me dê inspiração
Para falar desse artista
Que em sua dimensão
Defendeu os manguezais
Com carinho e devoção.
 
FIM

 

Cabo de Santo Agostinho -PE, 21/05/2005

Todos os direitos reservado ao autor desta obra

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